publicado em 11/09/25
Homens da fundamentalista Igreja dos Primogênitos da Plenitude dos Tempos podiam ter quantas esposas desejassem
A americana Pamela Jones revelou em detalhes como escapou de um culto apocalíptico que seguia práticas polígamas e extremamente abusivas contra mulheres. Ela afirma ter sido “criada para ser obediente aos homens” dentro da chamada Igreja dos Primogênitos da Plenitude dos Tempos, seita de origem mórmon que pregava o chamado “casamento plural”.
Pamela cresceu nesse ambiente, marcado pela miséria e pelo autoritarismo masculino. Seu pai, Thomas Ossman Jones, teve 11 esposas e 57 filhos biológicos. Aos 15 anos, ela foi forçada a se casar com um parente do fundador do culto. Sete dias após o casamento, o marido anunciou que estava pronto para buscar outra esposa.
A rotina da jovem era de privação e medo. Sem acesso a água encanada ou eletricidade, ela chegou a viver em um curral infestado de baratas. Pamela conta que foi doutrinada a acreditar que, se tentasse fugir, Deus a puniria tirando a vida dela e de seus filhos.
O culto pregava a submissão total das mulheres. Pamela lembra de ter sido classificada como “cidadã de segunda classe” e de ter perdido uma meia-irmã, Nancy, que abandonou a seita e foi chamada de “gentia” pelo marido da sobrevivente, como se não tivesse lugar no reino de Deus.
A ideia de fuga começou quando o marido se preparava para se casar com uma terceira esposa. “Estava apavorada. Mas decidi que precisava romper com essa seita violenta, misógina e apocalíptica que negava voz às mulheres e nos ensinava que nosso único valor era servir a um homem e dar à luz continuamente”, relatou Pamela em trecho publicado pelo New York Post.
A libertação só aconteceu em 2000, quando ela montou um plano ousado. Pamela reuniu documentos que comprovavam a cidadania americana dos filhos, pegou dinheiro e cartões de crédito do marido e fugiu do México em direção à fronteira dos Estados Unidos. O plano deu certo: ela conseguiu atravessar com nove filhos e recomeçar a vida em Minneapolis, onde abriu um serviço de limpeza e se casou novamente.
Hoje, Pamela celebra a transformação. “A menininha mansa e assustada, que foi criada para ser obediente aos homens, aprendeu não apenas a usar a voz, mas também a rugir quando necessário”, declarou.