Segundo governo federal, equipamentos da Starlink eram utilizado por criminosos para comunicação dentro do território
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Uma megaoperação de combate ao garimpo ilegal recolheu e destruiu combustíveis, motores e meios de transporte ilegais na Terra Indígena Yanomami.
Também foram apreendidas 24 antenas da Starlink, serviço de internet via satélite do grupo SpaceX, empresa de Elon Musk. De acordo com o governo federal, o equipamento era utilizado por criminosos para comunicação dentro do território.
Os dados da operação foram apresentados nesta sexta-feira (12) pela Casa de Governo em Boa Vista, base fixa do executivo federal em Roraima para acompanhar a situação dos yanomamis de perto.
Segundo o governo, foram feitas “312 ações de inteligência, fiscalização e repressão para desmobilizar a logística de apoio ao crime”. Ao todo, 343 agentes de diferentes órgãos, a maior parte militares, estavam envolvidos na operação.
A operação Catrimani das Forças Armadas começou no dia 4 de março e se estendeu até 10 de abril, e contou com a atuação conjunta de diferentes órgãos, como ministérios, agências nacionais, Polícia Federal e do Ibama (órgão ambiental federal).
Os agentes destruíram 200 motores, 36 geradores de energia e 49 acampamentos, e inutilizaram 38,4 mil litros de óleo diesel e 6,6 mil litros de gasolina de aviação.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil) fiscalizou pontos de abastecimento e postos revendedores de combustíveis, e aplicou três autos de interdição, 19 autos de infração e 26 notificações.
Um total de 121 aeronaves foi fiscalizado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que realizou duas apreensões. “A identificação de 180 pistas de pouso clandestinas somada à destruição de quatro aeronaves comprovam a demanda do garimpo ilegal por transporte aéreo”, disse o governo.
No combate à logística de transporte fluvial do garimpo, agentes federais recolheram três balsas e destruíram outras 12.
Também foram apreendidos mais de 114 quilos de mercúrio, metal utilizado no garimpo do ouro e prejudicial ao meio ambiente e à saúde, e 7,3 toneladas de cassiterita, outro minério extraído na região e matéria-prima para a extração de estanho.
Em março, o presidente Lula editou medida provisória que liberou crédito extraordinário de R$ 1 bilhão para os ministérios executarem o plano de trabalho na TI Yanomami.
A MP complementou a série de ações de desbaratamento da infraestrutura e logística do garimpo em terra yanomami neste ano, junto com a primeira fase da Operação Catrimani, entre janeiro e março, e o estabelecimento da Casa de Governo em Boa Vista no dia 29 de fevereiro.
Aproximadamente 27 mil indígenas vivem na TI Yanomami, a maior do Brasil em extensão e população. De acordo com o Censo 2022, o número de habitantes do território, dividido entre os estados de Roraima e Amazonas, equivale a 4,36% do total de residentes em terras indígenas no país.