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Família denuncia erro médico em morte de servidora mineira

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A mulher teve complicações posteriores à cirurgia estética e morreu ao contrair uma bactéria. Ela trabalhava na Universidade Federal de Minas Gerais

A família da servidora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Norma Eduarda da Fonseca, de 59 anos, denuncia o cirurgião plástico Rodrigo Credidio pela morte da familiar, em 17 de abril. A servidora morreu devido a complicações de uma cirurgia de abdominoplastia e outros procedimentos estéticos.

Companheiro há mais de 20 anos de Norma e também funcionário da UFMG, o professor José Rachid afirma que os procedimentos começaram em 5 de fevereiro, quando Norma realizou uma série de cirurgias plásticas em um hospital no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O problema é que alguns dias depois, a servidora pública começou a ter complicações, como inchaço no abdome, diarreia e vômito. “Depois da cirurgia ela ficou comigo por uma semana. Eu viajei e ela ficou com o filho. Ela começou a ter uma diarreia fortíssima e incontrolável. Ela ficou com um dreno, no meio das pernas, para escoar o líquido da cirurgia. A contaminação era óbvia, a diarreia sujava o tubo do dreno”, diz.

As complicações não cessaram e Norma foi levada pela irmã para o hospital Madre Teresa, Região Oeste da capital, onde ficou internada até a morte, em 17 de abril, por falência múltipla dos órgãos depois de contrair uma bactéria. “Ela já chegou no hospital com infecção típica hospitalar, não é bactéria comum que fica entre nós”, afirma o professor.

O médico Rodrigo Credidio tem mais de 84 mil seguidores no Instagram. Lá, ele dá dicas de alimentação saudável, sinais de que o corpo precisa de cirurgia e até informa o que não fazer no pós-operatório. José conta que o médico começou a visitar Norma no hospital, e disse que a servidora pública não poderia ter usado fralda, mas isso não foi informado antes da cirurgia.

“Ele jogava a culpa nela. Ela estava muito indecisa e ansiosa pela cirurgia abdominal. Às vezes ela desistia, mas cada vez que ela conversava com o médico, ela voltava convencida de que nada ia acontecer. Se ele tivesse sido sincero com ela quanto ao perigo, ao risco, muito possivelmente ela não teria feito”, desabafa o professor.

José Richard informou que os filhos procuraram a Polícia Civil, com o intuito de investigar um possível erro médico do cirurgião plástico Dr. Rodrigo Credidio. “A PCMG informa que a investigação prossegue com a realização de diligências necessárias à elucidação dos fatos que permeiam a morte da mulher, de 59 anos, após ser submetida a uma cirurgia. Outras informações serão repassadas após o avanço dos trabalhos investigativos”, dizem. 

O que diz o médico

Rodrigo Credidio, em nota, manifestou pêsames pelo falecimento da paciente Sra. Norma Eduarda da Fonseca e prestou solidariedade aos familiares e amigos.

“Em razão do Código de Ética Médica, que estabelece a obrigação de preservar o sigilo de prontuário da paciente, não posso entrar em detalhes sobre o caso clínico. No entanto, esclareço que as razões que a levaram a um grave quadro de infecção e, consequentemente, a óbito não têm relação com o procedimento realizado há mais de 60 dias, que ocorreu sem nenhum tipo de intercorrência.

Ressalto que acompanhei pessoalmente a paciente em sua entrada no hospital, em razão de ter contraído uma virose. Nessa ocasião, conforme comprovado mediante exames de sangue, não constava nenhum sinal da presença de bactéria multirresistente. A confirmação só ocorreu, nessa mesma unidade de saúde, um mês após a realização do procedimento conduzido por mim, o que confirma a impossibilidade de ligação entre os eventos.

Estão sendo divulgadas inverdades a respeito dos procedimentos cirúrgicos que realizei. Em face disso, eu e minha família estamos sofrendo ataques e ameaças de morte de forma desumana, por suposições de erros que jamais cometi. É preciso ter responsabilidade e apuração antes da divulgação de informações que são completamente inverídicas e que estão documentadas no prontuário médico de cada paciente.

Reitero que não existe nenhum exame ou indício que aponte para má conduta relacionada ao procedimento, sendo que toda a documentação se encontra disponível para acesso de familiares e autoridades competentes. Estou à disposição para esclarecimento de eventuais dúvidas”, afirma.

Casos recorrentes

O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) informou que existem dois processos judiciais contra o cirurgião por erro médico. Em um deles, a vítima pede uma indenização moral, material e estética no valor de R$ 47,5 mil, por erro de uma cirurgia nos seios.

A Prefeitura de Belo Horizonte relata que a clínica não possui nenhuma denúncia registrada e está em processo de renovação de Alvará Sanitário, o que não impede o funcionamento do local. “Na última visita realizada pela Vigilância Sanitária foram encontradas irregularidades no processo de esterilização e o estabelecimento foi multado em R$ 9.979,53”, diz. 

UFMG lamenta morte

A UFMG lamentou a morte da servidora Norma Eduarda da Fonseca em publicação. A universidade informou que Norma atuava na secretaria administrativa da Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (Proplan) da UFMG desde 2015. 

“A Norma era uma funcionária tecnicamente admirável, que me deu segurança em todos os passos que tive que tomar. Mas, acima de tudo, era uma pessoa maravilhosa, agregadora, alegre e que constantemente estava procurando resolver qualquer problema que pudesse tirar a harmonia do nosso ambiente de trabalho. Vai fazer muita falta”, lamentou o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFMG, Maurício Freire.

Wellington Barbosa* – Estado de Minas

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