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Agro do Quadrado: Criação de pescados bate recorde com formalização de produtores rurais

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Em 2023, Distrito Federal produziu duas mil toneladas de peixe; trabalho de capacitação e suporte técnico deu resultado, e número de piscicultores cresceu 47,3%

Atividade agropecuária milenar, a piscicultura tem encontrado um cenário próspero de crescimento na capital federal, detentora do terceiro maior mercado consumidor de pescados do país. Em solo brasiliense, a prática vem ganhando força especialmente entre novos produtores rurais, que contam com o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) para se consolidarem no ramo.

“Já são mais de dez anos nessa atividade em constante crescimento, pois a demanda também é crescente e se trata de um produto de alto valor agregado e com grande apelo do consumidor local”, diz o produtor Guilherme Gonçalves | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater), em 2023 a produção de pescados superou impressionantes 2 mil toneladas – a maior da história da capital, representando um aumento de quase 25% em relação a 2019. Esse salto expressivo na criação reflete o potencial e a atratividade do negócio no Quadradinho.

O Gama concentra mais de um quarto de toda a produção local e, em 2023, foi responsável pela criação de 555 mil kg de peixes

Os números da Emater indicam que o quantitativo de produtores rurais dedicados à criação de peixes também acompanhou a tendência de crescimento da atividade. Nos últimos cinco anos, o montante de piscicultores cresceu 47,3%, saltando de 624, em 2019, para 919, no último ano.

Nesse cenário de expansão, a Emater tem desempenhado papel fundamental na oferta de capacitação, suporte técnico e orientação tanto para os novos piscicultores quanto para os produtores rurais já consolidados na atividade.

O presidente da Emater-DF, Cleison Duval, diz que a empresa atua para incentivar a agroindústria de pequeno porte

“A empresa atua no sentido de ajudar os produtores a obterem o licenciamento ambiental e a outorga de água”, resume Adalmyr Morais Borges, coordenador do programa de aquicultura. “Também estimulamos a adoção de novas tecnologias e métodos de produção sustentáveis, utilizando-se da energia fotovoltaica e voltada para o menor consumo de água possível.”

Do total de criadores, em torno de 100 comercializam regularmente a produção. Os demais produzem para a própria subsistência ou para o comércio informal. Para o presidente da Emater, Cleison Duval, um dos desafios da empresa está justamente na formalização desses piscicultores menores. “O nosso grande projeto é incentivar a agroindústria de pequeno porte. É uma preocupação nossa formalizar esses produtores para eles se inserirem no mercado formal e institucional”, afirma.

A comerciante Rayane Araújo, dona de restaurante, compra pescado produzido no DF: “Por ser de um produtor local, o preço é bem mais em conta, sem falar na qualidade de ter um peixe fresco na mesa”

Atualmente, são poucos os produtores locais capazes de acessar o mercado brasiliense, ainda que a capital esteja entre as unidades da Federação onde mais se consome peixe. “Queremos transformar Brasília em mais que um grande consumidor, mas um grande produtor também, formalizando todo o processo e conseguindo fechar esse ciclo. É fomento para a economia local, gerando mais empregos e renda para esses produtores”, defende o presidente.

Gama lidera produção

Nenhuma outra região administrativa do DF produz mais pescados que o Gama (veja a relação completa abaixo). Sozinha, a cidade concentra mais de um quarto de toda a produção local e, em 2023, foi responsável pela criação de 555 mil kg de peixes. Entre os maiores piscicultores gamenses, está Éber Maia, da Terra Mare Pescados.

Arte: Agência Brasília

No segmento há dez anos, o produtor é o único de todo o DF a exportar peixes para outros estados. Atualmente, ele concentra sua atividade na criação de tilápias juvenis, ou seja, em estágio de desenvolvimento. “Faço parte de um nicho específico da cadeia produtora. Eu recebo o peixe alevino, transformo em juvenil e posteriormente vendo para pesque-pagues e empresas de engorda da tilápia para abate”, detalha Maia.

Os números de comercialização da criação impressionam. “Estamos vendendo uma média mensal de 240 mil juvenis. Em abril, foram 320 mil comercializados. É um mercado em crescimento, e a gente conta com todo apoio da Emater para seguir expandindo. Aqui, as visitas dos técnicos da empresa são periódicas”, continua o piscicultor.

  • Um dos clientes de Maia está localizado a poucos quilômetros da sua propriedade, na Ponte Alta Norte, ainda no Gama. Trata-se da Piscicultura Olimpo, onde o peixe juvenil comercializado pelo produtor é engordado para ser abatido. “Além de produzir o nosso próprio juvenil, contamos com essa parceria para ampliar a nossa produção, que vem aumentando ano a ano”, afirma o proprietário, Guilherme Gonçalves.

Na propriedade, os peixes juvenis são alimentados por seis meses em viveiros escavados sem revestimento e com solo natural. “Meu produto é o peixe gordo para ser vendido para frigorífico e restaurantes. Já são mais de dez anos nessa atividade em constante crescimento, pois a demanda também é crescente e se trata de um produto de alto valor agregado e com grande apelo do consumidor local”, diz.

A comerciante Rayane Araújo é compradora recorrente das tilápias criadas por Gonçalves. “É um fornecedor de bastante confiança, e compramos com ele uma vez por semana”, conta. “Por ser de um produtor local, o preço é bem mais em conta, sem falar na qualidade de ter um peixe fresco na mesa. Aqui no restaurante, a tilápia frita é um dos pratos mais vendidos”.

Por Victor Fuzeira, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger

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