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Valparaíso inicia soltura de mosquitos com Wolbachia no combate à dengue

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publicado em 10/09/25

Cidade goiana aposta em tecnologia inovadora, segura e sustentável que já reduziu casos em até 88% em outras localidades

Valparaíso de Goiás deu um passo decisivo no combate às arboviroses nesta terça-feira (9). O município iniciou a soltura de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, uma bactéria natural que impede a transmissão de vírus como dengue, zika e chikungunya. A ação integra a Estratégia Nacional de Enfrentamento das Arboviroses, conduzida pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz, e também será realizada em Brasília (DF) e Luziânia (GO).

Ao todo, mais de 758 mil habitantes das três localidades devem ser beneficiados. As liberações ocorrerão semanalmente ao longo de 26 semanas consecutivas, permitindo que a bactéria se espalhe entre os mosquitos locais.

O que é a técnica?

O chamado Método Wolbachia é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e autorizado pela Anvisa. A estratégia consiste em introduzir a bactéria em mosquitos criados em laboratório e soltá-los no ambiente. Quando esses insetos se reproduzem, transmitem a Wolbachia para as gerações seguintes.

Com o tempo, a população de Aedes aegypti passa a carregar a bactéria, que dificulta a multiplicação do vírus dentro do mosquito e, consequentemente, reduz a transmissão para humanos. A tecnologia é considerada segura, natural e autossustentável, já que não depende do uso de inseticidas químicos.

Contexto local

A iniciativa chega em um momento crítico para Valparaíso. Em 2024, a cidade registrou 8.841 casos de dengue, o que levou as autoridades a buscarem soluções mais eficazes.

“Estamos trazendo para Valparaíso uma tecnologia de ponta que une ciência, inovação e saúde pública. Esse método é mais um aliado que vem para somar aos esforços já realizados no combate ao Aedes aegypti”, afirmou o prefeito Marcus Vinicius.

A vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Priscila Ferraz, destacou a relevância da expansão da estratégia para a região:

“Em 2024, o Distrito Federal foi uma das unidades da federação com maior número de casos e óbitos por dengue no país. A chegada do Método Wolbachia representa um avanço significativo nas ações do SUS”.

Apoio e produção em larga escala

A operação envolve não apenas o Ministério da Saúde e a Fiocruz, mas também governos locais, que oferecem insumos e agentes de saúde para o trabalho em campo. Já a produção dos mosquitos é responsabilidade da Wolbito do Brasil, considerada a maior biofábrica do mundo voltada à criação de mosquitos com Wolbachia.

“O trabalho conjunto garante que essa solução baseada em evidências chegue à população. É um passo importante no enfrentamento da dengue e reforça o compromisso com a saúde pública”, destacou Luciano Moreira, CEO da Wolbito.

Resultados já comprovados

A técnica já foi aplicada em diversas cidades brasileiras e internacionais. Em Niterói (RJ), os dados mais recentes indicam redução de até 88,8% nos casos de dengue após a introdução dos mosquitos com Wolbachia. Em bairros do Rio de Janeiro, a queda chegou a 38%.

No cenário global, os resultados também são consistentes:

  • Indonésia (Yogyakarta): redução de 77% nos casos de dengue.
  • Malásia: diminuição média de 62,4%, chegando a 75,8% em áreas com cobertura total.

Participação da população

Apesar da eficácia da nova tecnologia, especialistas ressaltam que a colaboração dos moradores continua essencial. Medidas como eliminar água parada e acolher os agentes de saúde permanecem fundamentais para reduzir a proliferação do mosquito.

Perspectiva

Com evidências científicas robustas, a estratégia com Wolbachia reforça a importância da inovação no enfrentamento das arboviroses. Valparaíso se soma agora a uma rede crescente de cidades que investem em soluções sustentáveis para conter a dengue, trazendo esperança de que surtos tão severos como os de 2024 possam ser evitados no futuro.

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