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Em reunião citada por Moro, ministro das Relações Exteriores culpa China pela pandemia do coronavírus

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reunião apontada por Sergio Moro como uma das provas de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal não se restringe a palavrões e pressões do presidente sobre o ex-ministro. Interlocutores de Bolsonaro têm mostrado que um dos temas mais sensíveis foram as falas do ministro das Relações ExterioresErnesto Araújo, sobre a China. Araújo culpou o país asiático pela pandemia e apelidou a covid-19 de “comunavírus”.

Participantes do encontro de 22 de abril relataram que o chanceler declarou, em alto e bom som, que o novo coronavírus é uma “coisa da China”, com o propósito de dominar outras nações. Ao dar o apelido de “comunavírus” à covid-19, o ministro deu uma gargalhada que, segundo presentes, foi acompanhada por Bolsonaro, dando sinais de que concorda com o ministro.

Procurado, o ministro disse, por meio da assessoria de imprensa do Itamaraty, que “não tem nada a declarar”.

Antes da Advocacia-Geral da União (AGU) entregar o vídeo ao Supremo Tribunal Federal, na sexta-feira passada (8), o órgão pediu que a corte reconsiderasse a entrega da gravação argumentando que, no referido encontro, “foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”.

Outro momento tenso do encontro, desta vez protagonizado por Bolsonaro e Sergio Moro, foi quando o presidente reclamou de uma nota de pesar divulgada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), instituição vinculada à pasta da Justiça, na época chefiada por Moro. No comunicado, a PRF lamentou a morte de um funcionário por covid-19. O presidente se queixou e disse, conforme relatos de quem estava no local, que a corporação deveria ter relacionado a causa da morte a “comorbidades” (como problemas cardíacos, imunidade baixa e pressão alta, por exemplo) e não coronavírus.

Como a coluna informou, autoridades que participaram do encontro relataram que Bolsonaro disse, aos gritos, que se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio, trocaria o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e, se não pudesse substituí-lo, demitiria o então ministro da Justiça, Sergio Moro. A ameaça de demissão foi revelada pelo jornal “O GLOBO”.

O Palácio do Planalto também tem mostrado bastante apreensão com as falas de Abraham Weintraub sobre STF no encontro citado por Moro. Integrantes do governo afirmam que, em outras agendas, o ministro da Educação já fez críticas ostensivas aos integrantes do Supremo, sendo que, em uma delas, Weintraub chegou a abrir a janela e a apontar para o outro lado da Praça dos Três Poderes, dizendo que no STF só tinha bandidos.

Antes de entregar a gravação citada por Moro, a AGU tinha tentado evitar seu repasse, alegando que o conteúdo seria de “segurança nacional”. Presentes na reunião relataram que não se recordam de temas de segurança abordados no encontro. O relator do caso, o ministro Celso de Mello, afirmou em decisão que, muito em breve, decidirá pelo levantamento do sigilo parcial ou total do material.

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