O início simbólico em São Paulo neste domingo, 17, da vacinação contra a Covid-19, em solenidade de forte cunho político, protagonizada pelo governador do estado João Doria e contestada minutos depois pelo ministro da Saúde, acentua o ineditismo do método brasileiro de enfrentamento da emergência de saúde pública, causada pela pandemia de coronavírus. O embate é somente o último lance da situação que levou o Brasil a ser apenas o 52 país do mundo a iniciar a vacinação, embora esteja entre os três primeiros no planeta em número de casos e de óbitos.
Diante da necessidade de 300 milhões de doses para alcançar um patamar razoável de imunização da população, o Brasil inicia oficialmente a vacinação com apenas 8 milhões de doses para todo o país. Mesmo a promessa de fabricação de outras 46 milhões de doses em três meses ainda está aquém da rotina de vacinação em massa no país, que começa mais de 50 dias depois da largada mundial, dada pelo Reino Unido.
Impossibilitados de agir de forma autônoma para a compra de vacinas, governadores optaram por agrupar-se em fórum de pressão sobre o governo federal, estabelecendo mecanismo de diálogo que teve o mérito de acelerar o programa nacional de vacinação, previsto inicialmente apenas para fevereiro. Nesta segunda-feira, no entanto, após novo ato político, desta vez ao lado do ministro Pazuello e no galpão de depósito das vacinas em Guarulhos, alguns terão de se conformar em retornar aos seus estados com a quantia ínfima de 200 mil doses, e sem previsão de continuidade para a vacinação.