Trinta dias. Se a candidatura de Simone Tebet não deslanchar nesse prazo, raposas emedebistas já afirmam que ela terá o mesmo destino de João Doria. A legenda não oferecerá espaço para a postulação da senadora e o MDB irá para os braços de Lula ou Bolsonaro, de acordo com a conveniência de cada estado. Sinceramente, não acredito nessa ameaça. Se fosse para apostar meus dois reaiszinhos que ainda habitam minha carteira nesse fim de mês, diria que Tebet vai até o fim.
Minha tese se funda em algo estupidamente óbvio, mas que nunca é demais explicitar: Tebet não é Doria. E, nobre leitor, pode confiar em mim que isso muda tudo.
Primeiro que Tebet não enfrenta um partido doidinho para sentar no colo de Bolsonaro como é o caso dos tucanos. O MDB quer sentar no colo de Lula, de Bolsonaro ou de qualquer outro que ofereça expectativa de poder. Como os interesses são múltiplos, pegar um terceiro nome pode servir de pacificação caso a beligerância cresça entre os filiados.
Além disso, Tebet enfrenta problemas eleitorais em seu estado natal, o Mato Grosso do Sul. A disputa da vaga pelo Senado tem como favorita a ex-ministra Tereza Cristina. Num estado com forte apelo bolsonarista, tirar essa vaga daquela que comandou a pasta da Agricultura não será tarefa simples. Logo, é muito melhor para Tebet perder a disputa presidencial do que perder para o Senado em seu estado.
Outro ponto que não podemos nos esquecer é que Tebet tem muito mais traquejo que Doria. Enquanto o paulista choca o mundo político pelo açodamento e atropelo de correligionários, Tebet é uma articuladora reconhecida pelos seus pares. Ela tem DNA. Seu pai, Ramez Tebet, é um emedebista histórico que ocupou vários cargos no Mato Grosso do Sul. Também foi presidente do Senado Federal e ministro da Integração Nacional no governo FHC. Ela aprendeu a lidar com políticos em casa, coisa que Doria também teve chance, mas não fez.
Por fim, nunca é demais lembrar que para quem tem 51 anos, como é o caso dela, 2026 é logo ali. A disputa de 2022 pode servir para ficar conhecida do eleitorado e, quem sabe, voltar a colocar seu nome nas urnas nas próximas eleições.
Simone Tebet ganha se ganhar e ganha também se perder. Ou seja, ela vai até o fim.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Moreira Mariz -Agência Senado