Uma pesquisa encomendada pela Comac (Comissão de Animais de Companhia), do Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal), com 732 veterinários de cães e gatos mostra que os profissionais apontaram mais mudanças negativas (62%) do que positivas (45%) no comportamento do consumidor durante a pandemia.
Do total, 37% observaram um orçamento limitado dos cuidadores; 23% identificaram diminuição no número de consultas/internações e 11% uma queda nos cuidados com os animais de modo geral.
“Comparando esse dado com o Radar Pet 2021, pesquisa realizada com os tutores, os respondentes indicaram uma atenção maior com a saúde dos animais de companhia no primeiro ano da pandemia, mas podemos afirmar que esse comportamento não foi percebido pelo veterinário”, diz Andréa Castro, coordenadora da Comac.
Para ela, era esperado que a redução no orçamento das famílias impactaria as visitas ao veterinário e, consequente, diminuição da procura por medicamentos, vacinas e exames —conforme constatação de 10% dos profissionais entrevistados. Sem tratamento adequado, a saúde e o bem-estar do pet ficam ameaçados.
“A meu ver, os dois principais impactos seriam o sanitário: animais mais doentes, presença de verminoses e parasitas externos, animais não vacinados na data correta, o que poderia resultar em aumento no número de animais com doenças severas; e o Impacto econômico: queda no faturamento de toda a cadeia que envolve o mercado, arrecadação do veterinário, das lojas especializadas e da indústria veterinária de animais de companhia, como um todo”, diz Andrea sobre o resultado da pesquisa, que tem como objetivo entender o perfil do veterinário brasileiro.
Apesar disso, conforme o levantamento, 45% notaram mudanças positivas no comportamento do consumidor, como a rápida percepção dos problemas com os animais (18%), aumento de cuidados gerais (16%) e aumento de consultas (16%).
Divulgado recentemente, o levantamento mostra também que cresceu o percentual de animais castrados, passando de 56% em 2018 para 72% em 2021.
A pesquisa Radar Vet 2021 foi realizada pela empresa H2R e ouviu 732 profissionais em todo o país, por telefone e de forma presencial, em setembro e outubro do ano passado. A margem de erro é de 3,6 pontos percentuais para mais ou para menos.
“Conhecer a tendência de consumo e hábitos do tutor de animais de companhia é um grande desafio e uma grande diretriz para que a Indústria possa direcionar seus investimentos e suas pesquisas buscando satisfazer o desejo desses tutores”, afirma Andréa.
Conforme o levantamento, a média de idade dos entrevistados é de 37 anos, mais da metade estão cursando pós-graduação ou especialização —proporção similar aos percentuais de 2018–, e cursos online estão em alta como formas de se atualizar tecnicamente.
Os veterinários disseram que a limitação financeira dos tutores é uma das principais questões para o desempenho do trabalho.
Cerca de 40% dos entrevistados afirmam ainda que a falta de valorização profissional é a principal dificuldade em sua atuação.
Censo Pet divulgado no fim de junho pelo IPB (Instituto Pet Brasil) mostra que o número de animais de estimação cresceu no Brasil, que encerrou 2021 com 149,6 milhões de pets, 3,7% a mais que no ano anterior.
São 58,1 milhões de cães, seguidos pelas aves canoras (41 milhões), gatos (27,1 milhões), peixes (20,8 milhões), pequenos répteis e mamíferos (2,5 milhões). A maior procura por gatos já havia sido observada em anos anteriores, mas agora teve um salto. Em um ano, a população de felinos teve alta de 6%, contra 4% de cães.
E, apesar da percepção dos veterinários sobre os cuidados com a saúde, o mercado pet continua em expansão. Apesar de Covid, crise e guerra da Ucrânia, terminou 2021 com um faturamento de R$ 51,7 bilhões, alta de 27% em relação ao ano anterior.
A expectativa para este ano é que o setor de produtos, serviços e comércio de animais de estimação tenha alta de 14% e faturamento de R$ 58,9 bilhões, segundo projeções do Instituto Pet Brasil feitas com base no desempenho do varejo pet no primeiro trimestre.