quinta-feira, setembro 19, 2024
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Em reunião citada por Moro, ministro das Relações Exteriores culpa China pela pandemia do coronavírus

reunião apontada por Sergio Moro como uma das provas de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal não se restringe a palavrões e pressões do presidente sobre o ex-ministro. Interlocutores de Bolsonaro têm mostrado que um dos temas mais sensíveis foram as falas do ministro das Relações ExterioresErnesto Araújo, sobre a China. Araújo culpou o país asiático pela pandemia e apelidou a covid-19 de “comunavírus”.

Participantes do encontro de 22 de abril relataram que o chanceler declarou, em alto e bom som, que o novo coronavírus é uma “coisa da China”, com o propósito de dominar outras nações. Ao dar o apelido de “comunavírus” à covid-19, o ministro deu uma gargalhada que, segundo presentes, foi acompanhada por Bolsonaro, dando sinais de que concorda com o ministro.

Procurado, o ministro disse, por meio da assessoria de imprensa do Itamaraty, que “não tem nada a declarar”.

Antes da Advocacia-Geral da União (AGU) entregar o vídeo ao Supremo Tribunal Federal, na sexta-feira passada (8), o órgão pediu que a corte reconsiderasse a entrega da gravação argumentando que, no referido encontro, “foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”.

Outro momento tenso do encontro, desta vez protagonizado por Bolsonaro e Sergio Moro, foi quando o presidente reclamou de uma nota de pesar divulgada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), instituição vinculada à pasta da Justiça, na época chefiada por Moro. No comunicado, a PRF lamentou a morte de um funcionário por covid-19. O presidente se queixou e disse, conforme relatos de quem estava no local, que a corporação deveria ter relacionado a causa da morte a “comorbidades” (como problemas cardíacos, imunidade baixa e pressão alta, por exemplo) e não coronavírus.

Como a coluna informou, autoridades que participaram do encontro relataram que Bolsonaro disse, aos gritos, que se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio, trocaria o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e, se não pudesse substituí-lo, demitiria o então ministro da Justiça, Sergio Moro. A ameaça de demissão foi revelada pelo jornal “O GLOBO”.

O Palácio do Planalto também tem mostrado bastante apreensão com as falas de Abraham Weintraub sobre STF no encontro citado por Moro. Integrantes do governo afirmam que, em outras agendas, o ministro da Educação já fez críticas ostensivas aos integrantes do Supremo, sendo que, em uma delas, Weintraub chegou a abrir a janela e a apontar para o outro lado da Praça dos Três Poderes, dizendo que no STF só tinha bandidos.

Antes de entregar a gravação citada por Moro, a AGU tinha tentado evitar seu repasse, alegando que o conteúdo seria de “segurança nacional”. Presentes na reunião relataram que não se recordam de temas de segurança abordados no encontro. O relator do caso, o ministro Celso de Mello, afirmou em decisão que, muito em breve, decidirá pelo levantamento do sigilo parcial ou total do material.

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