O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar nesta quarta-feira (10) os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e disse que não irá perder as eleições deste ano “para narrativas”.
“Sou o chefe da nação e não vou chegar a 2023 ou 2024 e dizer o que eu não fiz lá atrás para o Brasil chegar nesta situação. Que isso custe a minha vida. Nós somos a maioria, somos pessoas de bem”, afirmou, mais uma vez sem foco, ao deixar no ar as ameaças golpistas e o que fará a respeito.
A declaração foi feita no Encontro Nacional do Agro, em Brasília, evento oficial da Presidência que teve tom de campanha e discurso de apoiadores com pedido de empenho dos presentes nas eleições.
O mandatário afirmou que há “ameaça à liberdade” no Brasil e que a população tem o dever de “aperfeiçoar as instituições, desconfiar”.
“Que pipoca de democracia que é essa que estão atacando? Queremos transparência, queremos a verdade, queremos terminar eleições sem quaisquer desconfianças, de qualquer lado”, disse.
Ele retomou as críticas pelo fato de o TSE não ter acolhido todas as recomendações feitas pelas Forças Armadas sobre o sistema eletrônico de votações.
“Não aceitar sugestões que eles pediram, que convidaram. Queremos certeza de que o voto de cada um de vocês realmente vá para aquela pessoa. Isso é democracia”, disse.
O chefe do Executivo também voltou a atacar o manifesto em defesa da democracia que será lida no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito da USP.
“Vimos agora há pouco uma cartinha em defesa da democracia. Olha quem assinou a carta. O último que assinou é um cara que vive de amores e beijos —ou vivia, porque alguns já morreram—, com Fidel Castro, Chaves, Evo Morales, Lugo , entre outros”, disse, em referência à relação do ex-presidente Lula (PT) com antigos líderes de esquerda da América Latina.
Bolsonaro também criticou trecho do plano de governo petista inicial que, segundo ele, mencionava a regulação da produção agrícola. “O cara já retirou do programa de governo dele. Malandro como sempre, sem caráter, bêbado que quer dirigir o Brasil”, declarou.
A campanha do PT, por sua vez, informou que essa parte do plano foi um equívoco e que será retirado.
O mandatário incentivou os presentes a comprarem armas de fogo. “Comprem suas armas. Isso também está na Bíblia, lá no Pedrão: venda suas capas e compre suas espadas. Nós somos cordeiros, não queremos ser lobo também, mas não queremos ser cordeiro de dois ou três. Vamos dizer que nossa liberdade não tem limites. Não tem papinho de fake news”, disse.
O presidente também voltou a fazer afirmações homofóbicas e disse que “desceram o cacete” nele por ter afirmado recentemente que quer que “joãozinho siga sendo joãozinho”.
No palco, ao lado de Bolsonaro, estava o general Braga Netto, candidato a vice-presidente e que, atualmente, não ocupa nenhum cargo no governo. Também estavam os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Anderson Torres (Justiça).
O discurso ocorreu em um evento com tom de campanha, com Bolsonaro ovacionado pelo público e pedidos de integrantes do setor para que se esforcem para reeleger o atual presidente.
O presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), João Martins, por exemplo, pediu para que os presentes intervenham “no processo eleitoral” e disse que “está em nossas mãos o destino do país”.
Sem citar nominalmente o ex-presidente Lula (PT), Martins afirmou que não se pode permitir o “retorno de candidato que foi processado e preso como ladrão”. Ele também solicitou empenho de todos para evitar a volta de uma “equipe corrupta e incompetente ao poder.
O superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, por sua vez, disse que Bolsonaro teve mais realizações que a soma de todas as gestões anteriores. “Quando analisamos os governos de 2000 a 2016, em três anos e meio se fez muito mais que em 16 anos”, disse.
A deputada federal e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS), que é candidata a senadora, também deu discurso em tom de campanha e exaltou os feitos do governo de Bolsonaro.
O sucessor de Cristina na chefia da pasta, Marcos Montes, fez duras críticas ao PT e questionou se o partido quer voltar ao governo para “politizar novamente a Embrapa”.