sábado, setembro 7, 2024
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Só duas de cada dez praias das capitais brasileiras estão limpas o ano inteiro

Levantamento aponta que quase metade das praias foram consideradas ruins ou péssimas; saneamento é principal gargalo

Praias do Rio de Janeiro estão entre as mais procuradas do Brasil

(Folhapress) De segunda a segunda, faça sol ou chuva, as areias da praia do Porto da Barra, em Salvadorestão cheias de banhistas. Naqueles parcos metros entre os Fortes de São Diogo e Santa Maria está um dos banhos de mar mais concorridos em uma das praias mais icônicas do país.

Também falta espaço para guarda-sóis em praias como a do Farol da Barra, Amaralina, Piatã, Itapuã e Stella Maris. Mas o oásis da balneabilidade dentre as praias da capital baiana, única limpa durante todas as semanas do ano, está no limite da cidade seguindo rumo ao norte: a Praia de Aleluia.

A tarefa de achar uma praia que seja limpa em todas as avaliações feitas no ano não é uma tarefa fácil nas capitais do litoral brasileiro. Levantamento da Folha aponta que de cada 10 praias que ficam nas capitais, apenas 2 estiveram próprias para banho durante todo o ano.

O cenário leva em conta os dados de balneabilidade das 11 capitais brasileiras que ficam no litoral. Em sua maioria, são grandes centros urbanos que enfrentam gargalos históricos na coleta e tratamento de esgoto, no escoamento das águas das chuvas e no manejo de seus rios.

Ao todo, são 337 pontos de monitoramento da balneabilidade em praias de capitais brasileiras. Deste total, apenas 47 (14%) foram consideradas boas, ou seja, estiveram limpas o ano todo.

Por outro lado, a soma das praias consideradas ruins ou péssimas no cômputo anual chega a 48% do total. Outras 31% foram classificadas como regulares, por estarem próprias em mais da metade das medições.

Levando em conta os 1.350 pontos monitorados em todo o litoral brasileiro, os indicadores de balneabilidade indicam um cenário de estabilidade na qualidade das praias em 2023 em relação a anos anteriores. Estes dados são coletados com os governos locais há oito anos.

Neste ano, 32% das praias monitoradas do litoral do país foram classificadas como boas, enquanto 27,2% estavam regulares. As praias ruins ou péssimas somam 31,6% do total. Outras 3,4% não tiveram os dados divulgados.

A reportagem seguiu normas federais no levantamento. Um trecho é considerado próprio se não tiver registrado mais de 1.000 coliformes fecais para cada 100 ml de água na semana de análise e nas quatro anteriores.

Foram apurados dados das praias de 14 estados no período de 12 meses entre novembro de 2022 e outubro de 2023. As praias do AmapáPiauí e Pará ficaram de fora porque estes estados não medem a qualidade da água.

Para a avaliação anual, foi adotado o método da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que classifica as praias a partir dos testes semanais. Nos dois extremos estão as boas, próprias em todas as medições, e as péssimas, impróprias em mais da metade das medições.

Nadar em áreas impróprias pode causar problemas de saúde, sobretudo doenças gastrointestinais ou de pele, como micoses. Outros focos de contaminação, que não são considerados nesta análise, podem ser a presença de lixo na areia e o vazamento de óleo, como o que aconteceu no litoral nordestino em 2019.

Entre as capitais brasileiras, Aracaju é a com maior proporção de praias consideradas boas. Das 10 praias monitoradas na capital sergipana, 8 estavam próprias o ano inteiro. Outras duas foram consideradas regulares e nenhuma foi classificada como ruim ou péssima.

Por outro lado, capitais mais populosas, como Rio de JaneiroFortaleza e Salvador, têm a maioria de suas praias classificadas como ruins ou péssimas. No Rio, das 58 praias avaliadas, 4 tiveram classificação anual boa, 17 regulares e 35 ruis ou péssimas —duas não tiveram medição.

Entre as praias consideradas ruins estão os três pontos de medição no Leblon, praia da zona sul que fica em uma das áreas mais ricas e turísticas da cidade. Quem vê a água cristalina não imagina que aquele mar esteve impróprio para banho na maior parte do ano.

Alexandre Bittencourt Goiânia, GO

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