Goiânia recebe ações de esclarecimento neste domingo (16/6), em alusão ao Dia Nacional de Conscientização da doença
A cardiopatia congênita é uma condição que afeta 1 em cada 100 bebês nascidos vivos no Brasil. De acordo com o ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças geradas obtém esse diagnóstico por ano. Conforme expõe a Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), Goiás não tem registro específico de casos da doença, mas um estudo publicado na Revista Brasileira de Cardiologia Pediátrica analisou dados de nascimentos em Goiânia entre 2006 e 2015 e identificou prevalência da doença em 0,57% dos nascimentos. Em outras palavras, a cada 10 mil nascidos na capital naquele período, 57 crianças apresentavam a patologia.
Coordenadora do departamento de Cardiologia Pediátrica da SGP, Mirna de Sousa, afirma que há subnotificação nos dados extraídos em Goiás. Para ela, é evidente que o problema afeta uma quantidade significativa de crianças no estado. “Os números de 2015, encontrados em Goiânia, com a metade do previsto, mostram que muitos diagnósticos ainda não eram feitos. Isso melhorou nos últimos anos. Agora, os maiores problemas são em relação a conseguir tratamento adequado em tempo certo e seguimento ambulatorial para quem precisa”, destaca.
O que é cardiopatia congênita?
De acordo com a entidade, cardiopatia congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação – quando se forma o coração do bebê. A condição ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca, mesmo que descoberto no nascimento ou anos mais tarde.
Alguns casos podem ser diagnosticados durante a gestação por meio de exames. Pais e mães portadores de cardiopatia congênita registram o dobro de chances de ter um bebê com o mesmo problema. Por isso, o acompanhamento médico é indispensável para excluir qualquer risco ou tratar a disfunção caso ela exista.
Apenas um terço dos nascidos com a condição recebem tratamento
Dados do Ministério da Saúde e da SBCCV (Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular Infantil) apontam que dos 30 mil bebês nascidos com cardiopatia congênita, apenas 11 mil recebem assistência adequada. “Essa é uma realidade que precisa ser mudada e, com ajuda da gestão estadual e municipal, teremos condições de alterar esse cenário”, pontua Mirna.
Conscientização em Goiânia
Para a Mirna, os números exigem que as pessoas tomem conhecimento sobre a doença e tratamentos disponíveis. Por isso, a entidade apoia evento realizado pala Amigos do Coração de Goiás neste domingo (16/6), em Goiânia. Trata-se de um evento com ações voltadas para a troca de informações e experiências sobre o problema que afeta esses bebês. A iniciativa ocorre em alusão ao Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita (12 de junho).
“Nossa intenção é mostrar às autoridades públicas a necessidade de mais investimentos na saúde, especialmente para nossas crianças que sofrem com a cardiopatia e necessitam do respaldo do SUS”, detalha Mirna. Estima-se que 80% de bebês nascidos com cardiopatia congênita precisarão de algum tipo de intervenção em algum momento da vida, e 25% no primeiro ano.
Avanços em Goiás
Em agosto de 2023, o Hugol (Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira) realizou, pela primeira vez no estado via SUS, um procedimento hemodinâmico em um bebê prematuro com cardiopatia congênita. Esse marco demonstra o avanço na assistência a esses pacientes em Goiás, mas também indica a necessidade de mais investimentos na área.
Em 2022, a Alego (Assembleia Legislativa de Goiás) aprovou o Estatuto da Pessoa com Cardiopatia Congênita. A lei visa garantir os direitos básicos dos cardiopatas, como acesso à saúde, educação e inclusão social.