O comandante da operação Acolhida, que recebe venezuelanos em Roraima, general Sérgio Schwingel, afirmou que as Forças Armadas cogitam retirar os militares que atuam no programa ou diminuir a participação das tropas no recebimento dos imigrantes do país vizinho que buscam refúgio no Brasil.
Segundo ele, a presença dos militares deveria ser emergencial, mas a presença das Forças Armandas já completou quatro anos. Para Schwingel, o fluxo migratório de venezuelanos não é algo novo e sempre será intenso. Dessa forma, ele defende que, em algum momento, a operação deixe de receber o apoio militar.
“O fim da operação não está próximo. A questão emergencial por conta da crise humanitária na Venezuela ainda ocorre, mas nós temos que pensar no término da missão. Roraima vai sempre conviver com essa questão do fluxo migratório de venezuelanos, mas nós não podemos transformar uma situação emergencial em uma rotina. Em nenhum momento saímos, mas certamente as Forças Armadas terão de ser preservadas. Aí, outros órgãos, outras agências, governos estadual e municipal, vão ter que fazer o seu papel”, disse Schwingel.
A fala do comandante aconteceu durante visitas a abrigos da operação Acolhida em Boa Vista, nesta semana. O general ponderou que o emprego das Forças Armadas em situações de emergência deve ser “episódico e por tempo limitado”. De acordo com ele, uma equipe já iniciou a elaboração de um estudo planejando a diminuição do esforço militar na operação.
No último mês, inclusive, 150 civis foram contratados pela operação, para atuar em funções como auxiliar de serviços gerais e auxiliar de administração. “Já foi o primeiro passo para a diminuição de efetivo. Não estamos pensando em sair nesse momento. Certamente, vamos ficar mais alguns bons anos com a operação. Mas temos que estar ligados. Temos que pensar no futuro e engajar cada vez mais os entes federativos nessa saída.”
Segundo o general, a retirada das tropas só será feita depois que o poder público encontrar uma forma de substituir os militares. O comandante defende um período de transição para que a operação Acolhida deixe de ser coordenada pelo Exército.
“Existem diversos desafios para a transição, e estamos trabalhando nisso. A transferência de contratos, por exemplo. Hoje, temos uma execução orçamentária bastante alta. Quem vai assumir isso? Vai ter que ser montada uma estrutura bem complexa, bem grande. Além disso, há um grande número de material das Forças Armadas sendo usado. Viaturas, tendas, mobílias. Como vai ser isso? Vamos repassar esse material, vamos retirar? Temos que buscar alternativas”, analisou.
Dessa forma, o comandante reforçou a necessidade de o poder público encontrar alternativas para a saída dos militares. “A saída no momento errado pode comprometer o resultado e, principalmente, a imagem das Forças Armadas e do país. A situação certamente um dia vai se estabilizar. Portanto, temos que envolver estados e municípios nessa operação. Não podemos ser surpreendidos com o término de missão”, observou.